Conhecer a Paraíba através de personagens que fazem parte da sua cultura e que estão retratados em painéis pintados nas paredes da Escola Superior da Magistratura. Foi com essa finalidade que os servidores da Esma pararam nesta sexta-feira (18) para fazer o curso “Uma Paraíba Pluriversal: Compreendendo a história da Paraíba de Augusto dos Anjos à Zabé da Loca”. A aula foi ministrada pela professora de história Rosiane Silva, que fez um recorte da história paraibana desde a chegada dos portugueses ao Brasil.
Os oito painéis pintados na Esma homenageiam o idealizador do Movimento Armorial, escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, a escritora Lourdes Ramalho; o escritor Augusto dos Anjos, o cantor, compositor e instrumentista Jackson do Pandeiro, a rainha do pífano Zabé da Loca, o ex-reitor da UFPB Lynaldo Cavalcanti, a líder camponesa Margarida Maria Alves, e o poeta, cantor e repentista Inácio da Catingueira.
O diretor da Esma, desembargador Joás de Brito Pereira Filho, considerou a aula bastante interessante. “Veio trazer a história da nossa cultura e mostrar os personagens que hoje compõem a Escola. Logo quando entramos vemos um painel com Ariano Suassuna e Lourdes Ramalho como se fosse a capa de um livro. No geral, nos fez relembrar fatos que ratificam a força do povo paraibano, como a luta na revolução de 1817, que pouco ou quase não se ouve falar”, comentou.
A vice-diretora da Esma, juíza Antonieta Maroja, definiu o curso como espetacular. “Com muita leveza e conhecimento aprofundado a professora conseguiu fazer uma interlocução entre as nossas raízes, a cultura do nosso povo, a arte, e trazer tudo isso para o universo do conhecimento, que é aquilo que nós queremos disseminar aqui na escola. Então, através da sua explanação de fatos históricos e deste entrelaçamento muito fluido de informações, ela nos traz reflexões e nos deixa mais apropriados do significado de toda essa revolução inovadora que está acontecendo aqui na Esma e que está retratada nas nossas paredes”.
Para o gerente acadêmico, Flávio Romero, o curso representa mais uma etapa desse processo de ressignificação da Esma, nessa perspectiva de uma educação inovadora. “A proposta desses painéis que estão homenageando oito ilustres paraibanos representa exatamente uma forma de fazer um diálogo do judiciário com a sociedade, por meio da cultura, esse bem intangível, uma política pública cidadã”.
Flávio Romero explicou que o curso veio trazer essa abordagem para que todos que fazem parte da Esma conheçam esses personagens que falam muito da identidade e das raízes da gente paraibana. “Foi muito interessante, importante para que a gente conseguisse fincar as raízes dessa cultura identitária que vai ficar frutificando na história da Esma”, observou o gerente acadêmico.
A professora Rosiane Silva disse que a ideia é quebrar com as perspectivas universais, perspectivas que não protagonizam com o multiculturalismo, a pluriversalidade. “É a gente pensar a história da Paraíba a partir de diferentes perspectivas e diferentes personagens, que são os estampados nos painéis da Escola”.
Ela lembrou que esses personagens trazem a história da Paraíba representada de diversas maneiras. “Então, a gente tem o Augusto (dos Anjos) que está escrevendo sobre a vida dele, que é marcada por uma questão escravista, racista, e ao mesmo tempo a gente tem também o Ariano (Suassuna) e a Lourdes Ramalho do outro lado, que tratam sobre a representatividade nordestina por meio de textos dramatúrgicos”.
E, por fim, a professora esclareceu que a diversidade nordestina representada por meio de personagens traz essa característica pluriversal de uma Paraiba que é multiversa, não é universal. “Então a gente precisa entender, inclusive, através do curso, marcadores que atravessam a nossa sociedade como as questões de gênero e questões raciais”, observou Rosiane Silva.
Por Walquiria Maria
Fotos: Rodrigo Veras/Marcella Gonçalves

