A imprensa italiana protestou nesta sexta-feira contra a "lei da mordaça" proposta pelo governo que limita o uso das escutas nas investigações e pune, inclusive com a prisão, os jornalistas que publiquem seu conteúdo.
Aprovada na quinta-feira pelo Senado, a medida é muito contestada, não só pela maioria dos meios de comunicação, mas também por magistrados que dizem que vai prejudicar a luta contra a corrupção e o crime organizado.
O jornal esquerdista "La Repubblica" publicou em sua capa uma página em branco, com apenas um pequeno Post-it amarelo onde se lê: "a lei mordaça nega o direito dos cidadãos à informação".
"Publicamos uma página em branco para dizer aos leitores (...) que a democracia entrou em curto-circuito" disse o editor-chefe do "La Repubblica" em um editorial.
O "La Stampa" deixou em branco a coluna de Massimo Gramellini, assim como o espaço humorístico na terceira página de Riccardo Barenghi, com a justificativa de que é preciso "acostumarem-se às leis sobre as escutas".
O canal a cabo SkyTg24 colocou em um dos ângulos da tela uma tarja preta em sinal de luto: "Contra a lei mordaça das intercepções".
Segundo o projeto, apoiado pelo partido de Berlusconi e pela Liga do Norte, as escutas só poderão ser efetuadas caso se detectem "graves indícios de delito" e durante um período máximo de 75 horas, prorrogáveis por três períodos.
Além disso, o uso de microfones ambientais, que não poderão ser instalados em lugares privados, ficará limitado a um período de 72 horas.As transcrições das escutas não poderão ser publicadas na imprensa enquanto não estiver concluída a investigação preliminar.
Fonte: O Globo